sábado, setembro 06, 2008

Pauta - Serviço público

Já era quarta-feira e nada de passar. A coceira tinha começado na segunda, somente no braço. Terça a noite já começaram a aparecer pintas na perna. “É rubéola”, disse minha chefe. Depois parou, pensou e concluiu: Na verdade, deve ser catapora. “UHULL”, comemorei. Claro, segundo meus estudos aprofundados, a catapora é “uma doença altamente contagiosa provocada por um vírus. Com nome científico de varicela, costuma atingir principalmente as crianças. Em geral, é benigna e costuma incomodar principalmente pelas manchas vermelhas e pela coceira intensa”.

Meu descanso já estava encaminhado. Dormiria até tarde. Ficaria coçando o saco (literalmente). Com um problema desses não se pode ir trabalhar. Mas, para isso, precisava de um atestado, comprovando que estava com a doença.

Desde que me conheço por gente, tive plano de saúde. Não lembro do tempo que precisava ir ao médico quando era criança. Como estava em horário de trabalho, seria complicado ir até o hospital onde tenho o convênio. Fui a um postinho.

Por coincidência, uma semana antes, a professora de Redação II pediu que os alunos da minha sala fizessem uma pauta sobre: O que os joinvilenses esperam do novo prefeito? Beleza. Sai nas ruas:

- O que o senhor espera do novo prefeito?

- Que melhore a saúde

- O que o senhor espera do novo prefeito?

- Ah! Dar uma melhorada na saúde, né?

- O que a senhora espera do novo prefeito, na área da cultura?

- Ah! Acho que deveria ser melhorada a saúde na cultura.

- O que o senhor espera do novo prefeito? Uma área que deveria melhorar, sabe?

- Honestidade!

Saúde venceu. Essa seria minha pauta: saúde pública.

Parei pra analisar os “porquês” dos entrevistados para escolher esse setor. Filas grandes, muito tempo de espera, poucos médicos e um baixo número de leitos. Era o que eu já sabia pela boca dos outros.

Voltando ao início da história. Podia estar doente, então fui a um postinho de saúde. Fui em um que fica ali pelo centro da cidade. Entrei. Peguei a senha, olhei: 1. “Beleza, fila eu não pego”. Já estava quase descartando da pauta a parte de “filas grandes”. Achava realmente que o “filas grandes” e “muito tempo de espera” sempre teriam uma ligação. Ou seja, sem filas grandes, sem muito tempo de espera. Fiquei ali, olhando pras duas atendentes. Uma estava ao telefone. Aparentava conversar com alguma amiga. A outra, olhando pro computador. Mudei de idéia, “filas grandes” e “muito tempo de espera” não necessariamente estariam ligados. Depois de perceber que elas nem haviam me notado, tossi.

- O que você quer? – comentou a que estava olhando para o computador.

- Estou desde segunda com umas manchas e coceira no braço. Hoje ela passou pra minha perna. Acho que poderi...

- Entra no corredor. Primeira a esquerda.

- Obrigado.

Entrei no corredor. Fiquei na porta. A médica/enfermeira (não sei ao certo o que ela é. Na verdade, depois desse dia, nem sei se é formada em algo a ver com saúde) estava conversando com outra funcionária. “Só dá uma esperada ali fora”, disse ela. Esperei, esperei, esperei. Aquela senhora que estava de papo com a “doutora” saiu. Depois de mais um tempo. Entrou outra e mais papo. Depois que esta saiu, a médica/enfermeira me chamou.

- Boa tarde – cumprimentou a médica/enfermeira. (Ao menos essa foi educada)

- Boa tarde.

- O que o senhor tem?

- Então, estou com uma coceira no braço esquerdo desde segunda-feira. Tem umas manchas também. Hoje, passou para minha perna. Comentaram que podia ser catapora.

- Deixa-me ver. Hm! Olha, não parece não. Pode até ser, mas acho que não é. Isso aí você tem que ver com um médico. Tenta ir ao PA norte, lá no Costa e Silva (Do centro pro Costa e Silva? PORRA! Quero ser atendido na hora, caralho).

- Mas você não tem nem idéia? Comentaram que podia até ser rubéola, mas tomei a vacina.

- Quando tu tomaste?

- Sábado passado.

- É... Acho que não. Cê tem que ir lá ao PA mesmo.

- Só se toma vacina contra a catapora quando é criança? É que eu nunca tive. (Queria sair dali com uma resposta)

- A vacina da rubéola, não é contra a catapora também? (Aí fodeu! Ela trabalha no setor da saúde e me faz uma pergunta dessas)

- Não sei...

- É... Não sei também, mas acho que sim. Faz assim, vai ao PA norte. Lá você vê certinho isso.

- Ta bem, muito obrigado.

Na recepção, ainda me despedi. “Tchau. Bom trabalho pra vocês”. Não obtive resposta.

Achei interessante passar por algo assim. Claro, não chegou nem perto do que sofrem as tantas pessoas que precisam desse serviço público. Senti apenas a falta de vontade das pessoas que trabalham neste setor. Vejo vários outros problemas na cidade, mas acho que a população escolheu o que realmente lhe faz mais falta: um atendimento de qualidade na área da saúde.

De noite, fui ao hospital onde tenho plano de saúde. Não adiantaram meus pedidos. No outro dia tive que ir trabalhar. Estava apenas com uma alergia.

10 comentários:

Maikon K disse...

salve garoto jovem...
abraço de um jovem adulto.
hhehhee

Anônimo disse...

hahahah
muito boa maninho, gostei memo ;)

Maikon K disse...

vc escreve bem....voltei aqui e nao encontrei nenhuma postagem nova.
escreva e publique, rápido porra!!!!!!!!!!

http://convivenciaesperada.wordpress.com disse...

parrudinhoooooo

Ludimila Castro disse...

Brunoooo Isidoro!

.então estás blogado também !
de vez em quando passarei por aqui,

boas férias

Anônimo disse...

flor

Anônimo disse...

OOOooooo è tricolor

JEC é JEc, o resto chupa

Anônimo disse...

Muito bom o texto cara !
Tá na hora de escrever novamente, fala sobre a situação dos banheiros públicos !

Abraço.

Jéssica Michels disse...

Escreve Bruno ;)
Parabéns.Gostei muito dessa crônica.

Carolinne disse...

Então, garoto que tem vergonha de publicar os textos.
Depois de ler sua crônica, é automático tentar rolar para baixo para ler a próxima. *-*
Só que ela ainda não está postada.
Espero que o problema se resolva logo. huauhauhuhauhauh